quarta-feira, 15 de junho de 2011

SAP 2011 – Semana de Apresentação de Pesquisas

Aconteceu na quarta-feira (15/06), o terceiro dia da Semana de Apresentação de Pesquisas, dos alunos do terceiro ano de filosofia do Instituto Santo Tomás de Aquino – INFISTA – com a presença do Prof. Ms. Fabrício Deffacci, do Prof. Ms. Daniel Reis Lima Mendes da Silva, da Profª Edna Aparecida Pellegrini e da Profª Izabel Loretti Novo. O seminarista Charles dos Reis deu inicio às exposições do dia, apresentando sua monografia com o tema “A música na teoria estética de Theodor Adorno W”. Se perguntássemos: você gosta de uma música de sucesso? A primeira indagação que ouviríamos, provavelmente, seria: “quem é o cantor?”. Dessa maneira, verifica-se que o valor da música é dado pela importância do artista que a executa, e não pela mensagem que ela transmite. O gosto musical, portanto, não é escolhido pela música em si, mas pela fama do cantor, sendo que, quanto mais prêmios possuir, mais CDs irá vender. Assim, em muitos casos, somos levados a ouvir e, até mesmo a gostar, de um estilo de música, apenas porque é a “moda” do momento, por exemplo, se todo mundo “ouve” Luan Santana, por que também não ouvir?
Dessa forma, a indústria cultural não está preocupada com a arte, mas em transformar o homem em um “produto” que consome qualquer coisa. Para Adorno, as manifestações artísticas não são objetos de manipulação ou de mercado, pois seu valor não tem preço, à medida que todo artista faz de sua arte uma parte de si mesmo, porque a ama. Logo, em relação à estética, devemos adquirir um senso crítico para não aceitar mais essas “músicas de bar”, que são feitas por homens medíocres para “ignorantes” artísticos. Portanto, o seminarista Charles nos convida a vedar o ouvido, assim como fez o herói grego Ulisses a fim de não ser atraído pelo canto das sereias, para esse tipo de música “burra” que nos leva a afundar, ainda mais, nos abismos da estupidez estética, a qual nos faz admirar tudo aquilo que a música brasileira tem de mais vil.
Em seguida, a palavra foi oferecida ao seminarista Paulo César Travaglini, o qual apresentou sua monografia com o tema “A ontologia da relação a partir da alteridade da palavra-princípio Eu-Tu no pensamento de Martin Buber”, o qual se considerava um homem atípico, pois não se entendia em nenhuma corrente filosófica específica. Tal pesquisa está inserida no âmbito da ética de alteridade, fundada na primeira metade do século XX. Assim, alteridade seria uma espécie de “outro eu”, por essa razão, há uma necessidade de se abrir ao distinto, contrapondo com as correntes filosóficas que defendiam o “voltar-se para si mesmo”. Contudo, a individualidade e a “coisificação”, ou seja, o homem perdendo sua natureza humana e se tornando meramente uma “coisa” são características marcantes da modernidade. A expressão “um por todos e todos por um” é agora substituída por “cada um por si e Deus para todos”, até se chegar à fórmula “por si e para mim”.
Contudo, a vida do homem não se limita exclusivamente à percepção sensorial, pois, nessa perspectiva, determinaríamos as coisas como sendo “isso” ou “aquilo”. O problema, que essa forma de ver o mundo implica, está em considerar todas as coisas como sendo meramente objetos (objetivação). Assim, não desejo isso ou aquilo, mas tudo; não desejo conhecer a Deus, desejo possuí-Lo; pois, afinal, se tudo é objeto, tudo pode ser consumido. O Tu Eterno, no entanto, não pode ser resumido a um objeto sagrado ou de culto, pois a verdadeira religião não consiste em falar de Deus, mas com Deus.
A solução para vencer o perigo da objetivação está na conscientização sobre os malefícios que o ato de se considerar tudo como sendo objeto contém, e na relação com o outro, pois o homem não pode existir sem o “isso”; mas, se viver apenas com os seus “issos”, acaba por perder sua presença com o Tu, vivendo apenas no seu “eu”, tornando-se uma sombra de si mesmo.

Seminarista Edgar Tusqui Mascaro

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