quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A compreensão do Humano a partir de sua fisiologia na perspectiva de Nietzsche

 Por Marcelo Francelin
 
A Alemanha do século XIX vivia momentos significativos e conflitantes em vista de
alcançar a unificação e a modernização, além de possuir vários pensadores que se destacavam
na área filosófica. É neste contexto que nasce Friedrich Wilhelm Nietzsche, no ano de 1844, o
qual dedica grande parte de sua juventude aos estudos de filologia. Ao deixar o serviço
militar, torna-se professor na Universidade da Basileia, na Suíça. Neste período conhece o
músico Richard Wagner, que se tornaria seu amigo. Depois de escrever várias obras, encerra
com Ecce Homo, em 1888, sua lista bibliográfica, como um relato sobre seus escritos, e
resumo de seus pensamentos. Nela, Nietzsche conta sua vida, seus anseios e projetos na forma
de um desabafo, pois, nesse período, está à beira de um colapso físico e mental.
A partir da obra de Schopenhauer, O Mundo como Vontade e como Representação, a
filosofia nietzscheana desenvolve-se e toma grandes proporções ao romper com os
pensamentos dos séculos antecedentes. A denominada Filosofia do martelo, também,
posiciona-se, como uma das balizas para que nasça a filosofia contemporânea. Declara o fim,
a ausência ou a desobrigação de qualquer fundamento. Considerada como irracionalista, a
filosofia nietzscheana propõe uma tresvaloração de todos os valores, em que cada indivíduo
deve propor sua própria moral, sem depender de nenhuma lei suprema, seja esta
governamental ou divina.
Como fim do niilismo, que é a busca pelo nada, o décadent deixa esta posição cômoda
e reconhece: que é humano dotado de vontade de potência e possui a fisiologia como sua
única verdade. Portanto, não há necessidade de ocupar-se com coisas frívolas, que não se tem
como prová-las ou experimentá-las. A vida humana resume-se no eterno retorno desta vida
terrena, com tudo o que nela é inerente: as alegrias, as tristezas, as vitórias e as derrotas. Nos
altos e baixos da vida fisiológica e, agora, sem nenhuma ilusão transcendental, não resta outra
coisa, para o humano, senão aceitá-la e vivê-la com destemor, com amor fati.
Somente deste modo, o homem deixa a sua condição de subumano decadente e atinge
a estatura perfeita, do novo Humano proposto por Nietzsche, que é o Übermensch. Este, por
sua vez, ainda não é conhecido por ser um protótipo, ou seja, precisa ser sempre, a ânsia de
realização de todo ser humano.

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